SEIXTO CAPITULO
Não jantaram no hotel,
mas em um exclusivo restaurante no Upper East Side. O cardápio era cozinha
francesa contemporânea, mas francamente, pensou Clementine, podia estar comendo
sushi e não teria notado.
O homem à sua frente, de terno e
gravata, todo elegante, fixava toda a sua atenção. Ele não a levara
imediatamente para a cama, não a pressionara, e agora estavam jantando no
ambiente mais civilizado possível. A conversa variou sobre sua vida em Londres,
a dele em Nova York, eventos atuais. Mas cada vez que olhava para ele, o
imaginava seminu, pingando suor e testosterona naquela academia.
Uma onda de calor se concentrou em sua
pélvis e ficou lá durante grande parte da refeição. Suas bochechas ficaram
rosadas, e seus olhos brilharam ao ouvir a voz profunda acariciando-lhe os
sentidos, observando a mudança das cores em seus olhos verdes. Sabia que tinha
tomado a decisão certa em ir para Nova York com ele.
Eles poderiam ter alugado um carro, mas
ela queria a “diversão” de andar de táxi em Nova York. Quem era ele para
estragar a diversão de Clementine?
Metade do prazer que estava tendo com
ela vinha de observar suas reações às coisas pequenas. Ela possuía o rosto mais
expressivo que ele já tinha visto, e por causa disso ele sabia que seu
nervosismo anterior não tinha sido parte de uma estratégia para alimentar seu
desejo por ela. Realmente não estava pronta. Mas estava pronta agora ou sua
leitura de excitação feminina encontrava-se completamente fora de forma.
Então eles estavam de volta à estaca
zero quando o elevador subiu para o 53º andar, mas não tentou tocá-la. Queria
ter certeza de que Clementine seguiria com a programação. Ele também pretendia
discutir alguns termos. Não queria que houvesse qualquer tipo de
“mal-entendido” quando tudo acabasse; e acabaria em algum ponto.
Com outra mulher, ele teria discutido
isso há muito tempo, mas com Clementine postergara. Agora havia certa
necessidade no momento de levá-la para a cama e esquecer o resto.
Serge hesitou em chamar isso de romantismo,
mas Clementine introduzira certo elemento disso na situação (não chamaria de
relacionamento), quando se fez tão esquiva em São Petersburgo. Ele queria que
tudo corresse bem.
Abriu a porta, recolhendo-a em seus
braços e desfrutando de seu suspiro de surpresa. As mulheres gostavam de ser
carregadas, e Clementine não era exceção. Ela lançou os braços ao redor do
pescoço dele. O diferente era como era bom segurá-la assim. Provavelmente por
ela ser tão elusiva. Ela não podia fugir, e todos os músculos de seu corpo
pareciam dissolver-se conforme se rendia à sua força superior.
As luzes da suíte, ativadas por sensor,
os banharam enquanto ele a levava pela sala de estar. Ela, contudo, escapou de
seus braços. Sua intenção era pegá-la desprevenida ao beijá-la e deixar as
coisas correrem de lá. E a julgar pelo endurecimento de seu corpo, corriam bem
rápido.
– Vamos fazer um café e conversar um
pouco – sugeriu Clementine, puxando sua mão e dando alguns passos para trás,
com o intuito de puxá-lo com ela.
– Não vamos.
Serge a puxou de volta com uma das
mãos, e ela olhou para ele, com uma fraca apreensão por trás daqueles firmes
olhos cinza. Em seguida, seus cílios se abaixaram, enquanto ela parecia se
decidir.
Aos poucos, com cautela, ela estendeu a
mão e lançou os braços ao redor de seu pescoço. Mas antes que pudesse
pressionar os lábios contra os dele, Serge mexeu no laço em sua cintura,
soltando-a apenas para retirar o tecido que amarrava o vestido. Vinha estudando
aquele laço a noite toda e valeu a pena conforme Clementine deu um pequeno
ganido.
Mas ela não tentou se cobrir, e quando
ele começou a puxar o vestido cuidadosamente para fora de seus ombros, ela se
contorceu para ajudar, pressionando o corpo contra o dele, com nada além da
roupa de baixo. Ele a sentiu tirar os saltos.
De repente, ela se sentiu muito menor e
menos segura em seus braços. O vestido deslizou e caiu no chão. Ele passou a
mão ao longo de sua coluna vertebral, descansando em suas nádegas deliciosas.
– Estou me sentindo um pouco nua aqui –
disse ela, mas foi o riso nervoso que o pegou desprevenido. Ele não esperava
que ela estivesse incerta. – Não podemos fazer isto no quarto, como pessoas
normais?
– O que é esse “normal” que você diz? –
brincou ele, a voz rouca de excitação. – Isto parece normal para mim, kisa.
– Nem todos fazemos sexo selvagem –
desconversou ela, mas ele percebeu que ela começou a tirar a jaqueta de seus
ombros e a ajudou. Então Clementine puxou a barra da camisa dele, mas Serge
queria ver seu rosto.
Enfiou um dedo sob o queixo de
Clementine, trouxe os olhos dela até os seus. Os olhos cinzentos ficaram
incrivelmente amenos, o rosto expressivo irradiando um calor e confiança que
ele sabia que não merecia. Distraiu-se com o pensamento de que a mulher em seus
braços estava levando tudo isso muito a sério para seu conforto.
Mas o seu sangue estava bombeando e, se
ele não conhecesse cada centímetro do corpo dela aquela noite, iria explodir.
Clementine lançou os braços em volta de
seu pescoço. Ele abriu caminho para o fluxo do desejo que tinha de possuí-la.
Ela o ouviu murmurar algo em russo, e
suas mãos se estenderam sobre os quadris dela, movendo-se até as nádegas,
conforme ele a puxou para beijá-la. Sua boca era tudo o que ela se lembrava,
quente, mas tenra dessa vez, roubando o ar e qualquer livre arbítrio restante.
Ele a seduziu com a boca, até que ela começou a explorar seu corpo rígido e
musculoso.
Ela estendeu a mão para o botão, abriu
sua calça e escorregou a mão para dentro, dando um pequeno murmúrio de
surpresa. Gentilmente estudou seu tamanho e forma, enquanto Serge respirava
pesadamente, seu peito subindo e descendo intensamente.
– Continue assim, kisa,
e isso pode acabar antes que percebamos – murmurou ele, a voz profunda em seu
ouvido.
– Não acredito nisso – sussurrou ela, mas
ele a levantou e, finalmente, a levou para o quarto e a deitou no cetim branco.
Depois metodicamente começou a desabotoar a camisa.
Clementine se deitou, mordendo o lábio
enquanto via seus ombros emergirem, seguidos pelo peito largo e musculoso,
depois seus braços poderosos, sua cintura fina e definida.
Então ele tirou as calças e pernas
longas, musculosas e peludas ficaram à mostra. Serge, enfim, veio para a cama
com ela.
Sua mão segurou o rosto de Clementine,
beijando-a em seguida, lenta e sensualmente.
Outra mão grande e violenta se enrolou
na parte de baixo do joelho esquerdo dela, acariciando-a, movendo-se por suas
curvas exuberantes.
Clementine tremia enquanto os dedos
dele acariciaram a seda delicada de suas calcinhas, esperando cada movimento de
Serge. Mas quando a mão dele continuou a explorar o quadril, mergulhando em sua
cintura e alisando suas costelas, cobrindo seus seios, não pareceu familiar.
Ele não estava apressado.
O polegar fez uma lenta inspeção em seu
mamilo e a boca novamente apanhou a dela em um beijo doce e lento como ele
gentilmente tratava seu corpo.
– Eu sabia que você teria um corpo
incrível – disse apreciativo. – E é mais belo do que eu imaginava.
Ela alcançou suas costas e abriu o
sutiã, mostrando seios e tentando não demonstrar a ansiedade que estava
sentindo.
– Fica cada vez melhor – murmurou ele,
queimando-a com o olhar. Ele emoldurou um seio com a mão, explorando a forma
dela, inclinando a cabeça para tomar o mamilo em sua boca.
Clementine fez um barulho inevitável e
arqueou as costas. Ela sabia como fazer isso ou pensava que sim, mas Serge
parecia conhecer seu corpo melhor que ela.
Quando estava quase chorando de desejo,
ele levantou a cabeça, apenas para roçar o mamilo levemente com a pele de sua
mandíbula, observando-a estremecer. Clementine nunca sentira nada assim... O
desejo, a mágica de ter cem por cento da atenção de um homem em seu prazer. A
atenção desse homem experiente e habilidoso estava além de sua experiência.
Sua mão deslizou sobre o quadril e
enganchou um polegar sob a calcinha, e então ele foi deslizando pela cama,
alojando-se entre suas coxas, e com uma piscadela colocou a boca em seu âmago.
Clementine jogou a cabeça para trás e
gemeu conforme pequenas explosões de sensações turvavam sua visão. Ela se
sentiu inchada e ultra-sensível e, quando ele passou a língua sobre seu monte
intumescido, ela se deixou levar, seus gritos enchendo a sala.
Serge se deslocou sobre ela, parando
apenas brevemente para pôr um preservativo. Então, de repente, ele estava
dentro dela. Ele só lhe deu um momento para se ajustar antes de entrar em
movimento, e as sensações começaram a se elevar novamente. Ela o segurou pelo
pescoço, e ele moldou sua boca na dela em profundos beijos que misturavam as
respirações e as línguas com palavras russas que Clementine sabia que
retratavam o quão bom era. Seus olhos estavam escuros de prazer e ele continuou
fazendo contato visual com ela, como se testando a profundidade de seu prazer,
mas também deixando-a ver o dele.
Ela podia ouvir sua respiração áspera,
o martelar pesado dos batimentos, sentir o cheiro almiscarado da pele
masculina. Um brilho de suor aparecera no amplo espaço de suas costas, e ela
amou a intensa masculinidade. Por fim aconteceu. Uma inesperada série de
ondulações intermináveis atravessou sua pélvis, espalhando-se até os dedos dos
pés, fazendo os cabelos se arrepiarem.
– Serge!
– Da... Serge.
– Em resposta, ele empurrou mais e mais rápido.
Seu orgasmo a encontrou. Ela se
contraiu em torno dele e com um profundo gemido ele se liberou dentro dela.
Quando ele retrocedeu, ela se afundou no colchão, tendo-o pesadamente em cima
de si, amando a sensação de ser totalmente consumida por ele.
Ela fechou os olhos e respirou. Seu
cossaco.
Clementine sentiu a ausência de seu
peso, mesmo que ele tivesse ficado em cima dela tão brevemente. Ele tinha os
olhos fechados e respirava profundamente, como se se trazendo de volta à
realidade.
Sabia como ele se sentia. Mal se
reconhecia na mulher que o agarrou e choramingou, encorajando-o a fazer mais, fazê-la
sentir mais.
Ela se virou e olhou para ele.
Linda. Ele a chamou de linda.
Sentia-se linda.
Ela tocou seu ombro. Ele virou a cabeça
e seu olhar verde se enroscou no dela. Seu coração bateu mais rápido.
Serge rolou para ela e acariciou seu
rosto, sua boca.
– Eu pensei que eu tinha sonhado com
você naquela loja – disse ele com uma voz grave. – Mas aqui está você. Toda
minha.
Olhos de Clementine se suavizaram. Ele
não sabia o que queria dela, mas não era isso. Proximidade... Conexão. O que
diabos impelia suas palavras suaves?
– Serge, faça amor comigo – convidou
ela, cílios baixando, boca suave, seu corpo deitado debaixo dele, separando as
coxas em um convite explícito. Ela era uma fantasia que ele nunca soube que
tinha. Até agora.
Isso, pelo menos, ele entendia. Isso
ele podia fazer. Infinitamente.
– Com prazer – disse ele, e moveu-se
sobre ela.
ELA ACORDOU e
encontrou-se sozinha.
Por um momento, Clementine pensou que
tudo tivesse sido um sonho erótico, antes de rolar para o espaço onde ele havia
dormido e enterrar o rosto em seu travesseiro, buscando os restos de seu
perfume.
Nenhum sonho. Tudo real. Garota mais
sortuda do mundo.
Havia uma dor suave entre as coxas. Na
verdade todo seu corpo estava um pouco dolorido. Memórias a assaltaram... Suas
mãos sobre ela, aquelas mãos hábeis. Um grande sorriso se espalhou por seu
rosto. Onde ele aprendera a fazer aquelas coisas? Quando fariam isso de novo?
Ela se sentou e fez uma careta. Talvez não esta manhã.
Ela deveria se levantar e procurá-lo? O
que diria? Talvez ele não fosse matutino. Ela definitivamente não era... Com
exceção dessa manhã. Afundou de volta na cama. Nada poderia arruinar sua
felicidade.
Espreguiçando-se, sentiu sua mão
encostar-se a algo duro e frio ao lado do travesseiro. Curiosa, rolou, colocando
a mão em uma pequena caixa vermelha.
Enquanto abria, um arrepio foi se
espalhando através de seu peito.
Diamantes brilhavam em uma base de
veludo preto. Não conseguiu sequer tocá-los. Havia um bilhete.
Use-os esta noite. Eu estarei de volta
às 19h. Se vista.
Clementine não sabia quanto tempo ficou
lá, de pernas cruzadas na cama, às jóias abandonadas ao seu lado, à nota
gritando com ela: Ele comprou você; ele pensa que você está à venda.
Demorou um pouco, mas a tempestade de
sentimentos dentro dela diminuiu, até começar a pensar mais racionalmente.
Serge não tinha ideia de seu passado.
Não podia saber o efeito que uma jóia como aquela teria nela. Disse a si mesma
que esse era provavelmente seu modus operandi. Da mesma maneira que outros
homens compravam flores.
Ah, flores teria sido ótimo.
Ela deu um sorriso irônico.
Serge Marinov podia ser um cara rico,
mas isso não era tudo o que ele era. Tinha visto o suficiente para saber que
era um homem realmente bom. Nunca teria dormido com ele na noite anterior se não
fosse.
Ele tinha sido tudo... Sensível,
apaixonado e romântico.
Ela pegou a caixa de jóias e enfiou na
mesa de cabeceira, em seguida, saiu descalça do quarto. Longe da vista, longe
do pensamento.
DURANTE TODA a
manhã, ele esteve pensando sobre ela. Seus pensamentos tinham continuamente
retornado para a menina que havia deixado dormindo ao amanhecer.
Várias vezes ele quase ligou para o
celular dela. No minuto que telefonasse, estaria abrindo um canal de
comunicação entre seu trabalho e a mulher em sua cama. Nunca fizera isso e não
começaria agora.
– Serge, você não está com a gente.
A voz de Mick interveio, arrastando-o
de volta para o escritório.
Não, ele não estava com eles. Serge
encurralou seus pensamentos sobre uma mulher de 1,80m nua em sua cama e olhou
para as estatísticas que Alex lhe entregou. A palavra de Mick era boa o
suficiente, mas Alex Khardovsky, presidente da Marinov Corporation, sempre
vinha com números desanimadores, e Serge sabia que no final do dia você podia
confiar em números. Ao contrário das pessoas, nunca deixavam você na mão.
– Então, você vai descer e olhar a
criança? – perguntou Mick.
Jantar com Clementine. Teria que
adiá-lo.
– Eu encontro você lá às 19h.
Daria uma passada no hotel... Desfrutar
de uma rapidinha com a menina bonita que ele havia deixado em sua cama.
– Eu passaria estes números com você,
Serge. Podemos fazer um lanche e encontrar Mick na academia?
– Não, eu preciso passar no hotel. Vou
levar estes comigo.
Alex sorriu.
– Mulher? Você parecia excepcionalmente
otimista.
Normalmente Serge não teria hesitado em
afirmar ou negar uma pergunta de Alex. Era seu mais velho amigo. Estiveram no
quartel juntos. Além de Mick, era a única pessoa em quem confiava. Casado por
três anos, Alex brincava dizendo que a única emoção que tinha esses dias era
observar a política de porta giratória com as mulheres de Serge.
Mas a memória dos olhos suaves de
Clementine enquanto a abraçava o atingiu quando ele abriu a boca, e ele a
fechou. Sacudiu a cabeça brevemente.
– Nós ainda precisamos falar sobre
Kolcek – disse Mick categoricamente. – Você precisa de mais do que uma
conferência de imprensa, filho. Precisa colocar o seu rosto na marca.
Serge cruzou os braços.
– E eu sou o garoto-propaganda para uma
vida limpa?
Alex bufou, mas Mick balançou a cabeça.
– Publicidade é tudo neste jogo, vocês
sabem disso. Sua imagem dificilmente é o que as mães em casa estão aplaudindo e
é isso que esse conluio político sobre Kolcek visa. Os apostadores gostam de
vê-lo com uma cabeça de vento diferente a cada dia nos papéis, mas não o
público em geral. Você precisa ser visto com uma mulher decente ao seu lado.
Meu Deus, eu não devia ter que dizer isso a vocês.
– Eu não vou entrar no jogo da mídia,
Mick – afirmou Serge. – O negócio é uma coisa, minha vida privada é outra.
– O problema é que não há nada privado
nisso. E aquela mulher que confessou sobre “Minha vida com o promotor de lutas
Serge Marinov: os altos e baixos de um playboy milionário”?
Mick jogou a revista que estava
carregando sobre a mesa.
Serge a ignorou.
– Eu mal conhecia a mulher... Dormi com
ela duas vezes apenas.
Alex pegou a revista.
– Vou mostrar isto para Abbey. Ela vai
adorar.
Serge sorriu. A esposa de Alex lhe
perguntava sobre seu estilo de vida cada vez que se encontravam.
Só depois que Mick e Alex foram embora,
ele teve a oportunidade de telefonar para Clementine. Prometeu estar no hotel
em meia hora.
Ele estava a ponto de perguntar se ela
teve um bom dia, mas sabia que no minuto que fizesse aquilo estaria alimentando
a fantasia de que ela estava em sua vida de outra maneira que não em sua cama.
Sua mente voltou para a revista e a morena que vendeu sua história por cinco
dígitos. Não conseguia imaginar Clementine vendendo nada.
Tinha razão em não mencionar seu nome
para Alex.
– Até logo.
A voz dela estava em seu ouvido e ele
estava apenas se sentindo extremamente cansado ou ouviu um tom de saudade?
Sorrindo, desligou.
A COBERTURA parecia tranqüila quando Clementine
entrou, mas todas as luzes estavam acesas. Pegajosa de suor após um longo dia
de turismo, ela queria tomar banho e se trocar. Seu coração, contudo, começara
a remar como um caiaque subindo um cânion, quanto mais perto chegava do hotel,
sabendo que Serge estaria lhe esperando.
A intimidade que tinha se construído,
culminando na noite passada, parecia a um milhão de quilômetros de distância.
Não estar com ele hoje, após sua incrível noite, há deixara um pouco nervosa,
mas também animada.
Ele estava em pé na varanda. De costas,
era todo graça masculina, com sua altura e a propagação poderosa de seus
ombros.
Ela parou no limiar da varanda.
– Oi – disse ela, tentando soar casual.
Ele se virou e a intensidade de seu
olhar estava cheia de tudo o que tinham compartilhado. O pulso de resposta em
seu corpo trouxe uma cor suave para suas bochechas.
– Oi – respondeu ele.
– Dia ocupado?
– São sempre ocupados, kisa.
– Sorriu lentamente. – Você está atrasada – disse ele, sem animosidade.
– Estou? – Sabia que sim.
Serge caminhou para dentro, fechando as
portas de vidro atrás dele, e casualmente estendeu-lhe a mão.
Conforme suas grandes mãos deslizavam
sobre os quadris dela, trazendo-a contra ele, Clementine experimentou um surto
de desejo que não tinha nada a ver com a resistência em sua cabeça.
Esperou que ele dissesse algo sobre a
manhã que passaram juntos, mas ele apenas abaixou a cabeça e a beijou.
Clementine colocou as mãos em seu peito
e suavemente se separou.
– Não tão rápido.
Ele soltou, desconcertando-a, afagando
suas costas.
– Pode ir, então. – Ela olhou para ele,
hesitante. – Vou apenas me trocar. Tenho que sair em vinte minutos.
Ela hesitou, sentindo-se um pouco
tímida.
– Vamos a algum lugar chique?
– Houve uma mudança de planos. Eu tenho
que ir ao centro. Não posso levá-la para jantar.
– Você vai sair?
– É trabalho, Clementine. Acontece o tempo
todo.
Sua expressão dizia acostume-se
com isso.
– Tudo bem – respondeu ela,
decididamente alegre. – Vou com você.
– Você vai... – Parou, franzindo a
testa para ela. – Não, não é um lugar para você.
Sua mão encontrou seu quadril.
– O que é? Uma mesquita?
– Uma academia – disse ele brevemente.
– Um monte de suor e testosterona.
– Então, bem parecido com a noite
passada? – respondeu ela, correndo atrás dele enquanto ele se dirigia para o
bar.
Serge parou e se virou sorrindo.
– Talvez, mas sem a adição importante
de um pouso suave.
Foi o sorriso que a pegou. Ela
estreitou os olhos.
– Você acabou de me descrever como um
pouso suave?
– Você forneceu o pouso suave,
Clementine. Eu a descreveria como um milagre da engenharia natural.
De alguma maneira, não foi um elogio.
Não era o que se dizia para a mulher com quem se tinha feito amor pela primeira
vez e depois abandonado na manhã seguinte. Sim, Clementine, uma voz incomodou.
Abandonada.
Também não gostou do jeito que ele
catalogou seu corpo, como se examinando as partes que mais gostava. Homens
faziam muito isso com ela. Fazia sentir-se menos que uma pessoa. Ela queria que
ele visse a mulher inteira... Imaginou que ele tivesse feito isso na noite
anterior. Mas parece que não.
– Cuidado com a bajulação, vai derreter
minha calcinha.
Ele sorriu. Gostava dela assim. A outra
Clementine, suave, um pouco insegura, colocava pensamentos errados em sua
cabeça. Pensamentos de cuidar dela.
Esta Clementine podia cuidar de si
mesma.
Ele relaxou.
– Vou me refrescar – disse ela, temendo
que, quando voltasse, ele tivesse partido. – Foi um dia longo.
Serge não tentou detê-la. Ela possuía o
direito de ficar irritada. Ele não seria capaz de fazer justiça ao seu belo
corpo essa semana com tanta coisa acontecendo no mundo exterior. Mas poderia
compensá-la agora... Acalmar o temperamento dela de modo mutuamente
satisfatório.
Clementine se satisfez xingando-o de
todos os nomes que conhecia, entrando no chuveiro e deixando a água quente
fazer o seu trabalho calmante. Onde estava o homem doce e atencioso que a
escutara durante o jantar, que fora tão romântico na noite anterior?
Seguindo o caminho das fadas,
Clementine. Porque ele nunca existiu. Agora que ele a teve, ele esfriou. Ela
ouvira falar de caras desse tipo. Uma vez que a caçada estava acabada, também
estava o romance. Ela bufou. Fora tão idiota. O romance que esperava nem sequer
saiu do chão, porque nunca houve qualquer romance.
SERGE BATEU uma
vez, para manter as aparências, em seguida, abriu a porta do banheiro. Lá
estava ela. Clementine e seus 1,80m, completamente nua, com água correndo pelo
corpo, pele pálida, graciosos seios rosados, a cintura fina que só fazia o
extravagante alargamento dos quadris e nádegas ainda mais dramático, e aquelas
pernas longas, longas.
Clementine se virou, sentindo-o, e
aqueles olhos encantadores dela se estreitaram.
– Nem tente Marinov.
Mas ele sabia quais batalhas poderia
ganhar. Essa era uma delas.
Completamente vestido, ele entrou
embaixo da água, mãos deslizando ao redor dela. Quando ela abriu a boca para
protestar, tomou como um convite para abaixar a cabeça e beijá-la.
Clementine lutou contra seu desejo por
pelo menos cinco segundos antes de estender as mãos sobre seus ombros e
apertar-se contra ele. Com os braços ao redor dela, todo o resto desapareceu.
Apreciou a maneira como a fez se sentir. Linda, querida, segura.
Tantas experiências novas pensou ela mais tarde enquanto se sentava na cama, enrolada em
uma toalha grande e quente, sabendo que precisava se vestir.
Serge sequer tirou as roupas... Apenas
abriu o zíper e já acontecia. O que estava errado com ela? Devia ter gritado
com ele, não ter feito sexo.
Ele a tratava como uma conveniência.
Ficou evidente quando ele saiu do
banheiro secando o cabelo, olhou para o relógio digital e xingou suavemente em
russo.
Mais decepcionada a cada minuto, ela
disse rispidamente:
– Vai chegar atrasado, Serge?
Esqueça... Apenas diga a seus amigos que você não conseguiu manter o zíper
fechado. Tenho certeza de que não é a primeira vez.
Ele deixou cair à toalha ao seu lado.
Parecia verdadeiramente chocado.
Ótimo. Por cinco segundos inteiros
tinha dado o troco.
– São os negócios, Clementine.
Bem-vinda ao meu mundo.
Ele jogou a toalha em uma cadeira e
abriu uma gaveta.
– E, a propósito, essa atitude não
combina com você. Preferiria que continuasse a se comportar como a lady que é.
– Exceto quando estiver com as pernas
em volta da sua cintura no chuveiro – disparou de volta, magoada.
Ele abriu um sorriso carismático.
– Exatamente.
Nossa! Uma corrente de raiva
purificadora atravessou seu corpo. A semana de prazer dela acabara de ser
encurtada para uma noite. Quando voltasse, ela teria ido embora.
Mas mesmo enquanto formava o pensamento
de fuga, cavou os dedos um pouco mais firmes no tapete. Ah, sim, Clementine,
olhe para você correndo. Como se isso fosse
acontecer. Você nunca esteve com um homem como este e é emocionante, e apesar
de tudo, quer pelo menos tentar e ver se isso pode ir a algum lugar melhor.
Além disso, ele tem total controle sobre você e sabe disso.
Por que deixaria você ir? Enquanto ele
quiser, você vai ficar.
E com isso toda a raiva se foi, e tudo
o que ela sentia era confusão.
O que estava acontecendo? Ela estava de
mau humor? Serge vestiu uma calça jeans e olhou para ela novamente.
Clementine o tratava como se ele
tivesse feito algo para desapontá-la. No entanto, ela chegou ao clímax em torno
dele no chuveiro. Certo?
Qual era o problema? Ela estava
fingindo?
O pensamento o deixou frio.
Orgulhava-se em dar a uma mulher o prazer que ela merecia em troca do dom de
seu corpo, e a noção de que ele não tinha correspondido às expectativas de
Clementine varriam qualquer outro pensamento que não remediar isso.
Ele se aproximou e caiu de joelhos os
pés dela. Clementine olhou para ele com espanto.
– O que você está fazendo?
– Melhorando as coisas. Deite-se, kisa.
Ele tinha que estar brincando.
– Não se atreva.
Um desafio? Um sorriso malicioso
iluminou seu rosto, mas nenhum convite veio de Clementine.
Ela olhou para ele.
– Você precisa trabalhar seus modos,
amigo.
O sorriso se foi. Em seu lugar estava a
incredulidade.
– Você ama isso, kisa.
A arrogância do homem!
– Amo o quê? – Sua voz tremeu um pouco
com a raiva e a confusão que ela estava sentindo... Acordar sozinha durante a
manhã, ser abandonada novamente agora. – Sexo não é apenas físico, Serge. Ainda
não percebeu?
Um músculo pulsava em sua mandíbula, e
ela olhou com raiva para ele.
– E falando nisso, da próxima vez que
você decidir entrar no banheiro, pergunte primeiro.
Serge levantou-se lentamente.
– Talvez você devesse ter mantido os
gemidos em um nível razoável, kisa, e então eu teria ouvido o não.
Visivelmente tensa Clementine disse com
voz rouca:
– Eu não disse não. Só disse que você
poderia ter perguntado antes de invadir a minha privacidade.
– Anotado – respondeu ele, abrindo uma
gaveta. Não levaria a discussão adiante. Sabia aonde isso os levaria, e ele não
suportaria mal humor feminino. Ela estava sendo difícil porque ele a deixaria
sozinha. Novamente.
Agarrou uma camisa. Tudo bem, não era o
comportamento de um cavalheiro. Mas não era disso que se tratava. Puxou a
camiseta sobre a cabeça.
Do que se
tratava?
Ele olhou para Clementine enquanto ela
se sentava na ponta da cama, puxando a bainha da toalha.
Sua consciência deu um solavanco
desconhecido. Não queria deixá-la assim. Talvez devesse cancelar? Ficar com
ela? Bozhe,
não deveria ser assim. Onde estava aquela garota divertida e feliz?
Havia algo mais suave, mais incerto
sobre ela, e parecia realmente chateada.
– Você está bem? – disse ele
asperamente. – Eu não a machuquei? Não está ferida?
Sua cabeça se levantou, e ela fez um
pequeno som que soava suspeitosamente como um grito estrangulado. Segurando a
toalha, ela se pôs de pé.
– Você é um príncipe, sabia? – gritou
ela, e com esse comentário enigmático, saiu.
Ele nunca a tinha visto perder a
paciência. Ocorreu a Serge que ele poderia ter lidado melhor com a situação.
VOCÊ NÃO está
ferida?
De todas as coisas humilhantes que ele
poderia dizer... Aquilo dizia muito sobre como ele à via. Uma menina boba que
não podia cuidar de si mesma. Bem, ele teria uma surpresa. Ela cuidou de si
mesma a vida toda e poderia lidar com esse tipo de homem egoísta.
Vestiu-se rapidamente. Ela veria esse eu tenho
que ir ao centro.
Clementine esperava que ele tivesse ido
embora quando ela voltasse, mas ele não havia ido a lugar algum, e a minúscula
esperança que guardava por esse homem queimou um pouco mais brilhante.
– Se você quer que eu fique, vou com
você – atirou ela, enterrando as mãos nos bolsos.
Serge interrompeu o movimento de vestir
a jaqueta de couro, sua atenção não atraída pela declaração, mas pelo que
vestia. Um suéter azul esfiapado que em outra mulher seria casual, mas de
alguma maneira as curvas extravagantes de Clementine o transformaram em algo
completamente diferente. Algo muito inapropriado para a academia de Forster.
Ela parecia uma antiga pin-up.
Era uma mulher que podia trabalhar os ângulos. Que sabia de seus pontos fortes
e os usava a seu favor... Pontos fortes dos quais ele ainda não estava
satisfeito. Ainda não.
– Nem tente discutir comigo, Marinov.
Neste ponto você realmente não quer me irritar – intimidou, então franziu a
testa, desconfiada. – Por que você está rindo?
Quase por reflexo seus olhos foram
atraídos para a garganta dela, onde o pingente de diamante não estava em
exibição. Provavelmente inadequado dado o que ela vestia, mas não pôde deixar
de notar o pequeno medalhão sobre a lã azul macia do suéter.
Era um medalhão de menina, algo
claramente com valor sentimental e ela parecia estar sempre usando. Ele tinha
notado que ela o puxava quando estava agitada, como agora. Aquilo o irritou.
– Aparentemente, falhei em fazer você
feliz, Clementine, e isso é um problema.
Com certeza, pensou
ela. E não diria que estava tudo bem, porque não estava. O sexo não devia tê-los
aproximado? Ela sabia que era uma visão ingênua.
Era hora de alguma franqueza.
– Eu não tenho certeza do que está
acontecendo, Serge – disse ela, desconfortável. – Você me convidou para passar
um tempo com você, mas não passamos tempo algum juntos...
Ela parou.
O sorriso dele desapareceu e, pela
primeira vez, Clementine viu o homem forte que vislumbrara uma ou duas vezes em
São Petersburgo.
– Você sabia no que estava se metendo
quando veio comigo, Clementine – disse ele, quase formalmente. – Não vou me desculpar
por isso. Eu trabalho duro. No que você achou que estava se inscrevendo?
Ela balançou a cabeça em confusão.
– Inscrição? Não sabia que estava me
inscrevendo em nada.
Então o significado do que ele disse a
acertou e duas coisas aconteceram. Sua barriga afundou e a corrente em volta de
seu pescoço estalou.
Clementine deu um suspiro de desânimo,
olhando para o medalhão em sua mão mesmo quando sua cabeça girava com a
revelação de que isso era um tipo de encontro sexual para ele.
– Mandarei consertar – disse Serge,
voluntariando-se, incapaz de superar o quão chateada ela estava ficando ou quão
desconfortável ele a fazia se sentir.
– Posso levá-lo a um joalheiro sozinha.
O coração dela martelava. Sabia que
estava sendo muito emotiva, mas sexo nunca era algo casual para Clementine. No
fundo, ela sabia o que aquilo era, mas não pensara nas conseqüências.
Ele não a levava a sério. Podia até não
gostar realmente dela. Só queria dormir com ela.
Silenciosamente, Clementine fechou a
porta que dava caminho à sua parte que desejava ser cuidada e acarinhada, que
acreditava que ela possuía o direito de ser amada, a menina idealista que se
arriscou em subir a bordo do jato com ele. Em vez disso, ela trouxe à tona a
Clementine que estivera no mundo por conta própria há vários anos, a Clementine
que sabia como fazer uma situação funcionar.
Havia duas pessoas no jogo. Se teria
uma aventura, certamente faria do seu jeito.
– Eu vou – insistiu, com as mãos nos
quadris. – Eu me inscrevi para estar com você, não para ficar sentada em um
quarto de hotel. – Era bom jogar suas palavras de ódio de volta para ele. –
Estou surpresa que você tenha encontros, Serge, se esta é a maneira como você
trata as mulheres. Embora acredite que o dinheiro ajude.
Em um instante, a sua herança tártara
aflorou, enquanto seus olhos se estreitavam e sua expressão endurecia.
– Da, kisa, o dinheiro ajuda.
De certo modo, ele devolvera o insulto,
e ela endureceu, apertando os lábios. Tudo estava descendo pelo cano e ela não
sabia bem como salvar.
– Então, o que vai ser? – disse ela
ferozmente. – Posso ir?
Serge guardou o telefone, seus olhos
viajando sobre ela. Era uma menina bonita e capaz de defender a si mesma. Ele
gostava quando ela arranhava. Não se importaria se arranhasse mais forte. Mas
era a declaração que ela estava fazendo com aquele suéter apertado que tocou
algo mais suave dentro dele. Até onde sabia Clementine realmente não tinha a
menor ideia.
Ele deu um sorriso enterrado.
– Desde que você use um casaco.
Autor: Lucy Ellis