A Amante Capítulo 3
Foi quando Ana começou a juntar os pontos... as buzinas, os olhares, o voluntarismo para lhe acompanhar...
Então percebeu realmente o potencial que tinha...
Ana - Não posso aceitar o telemóvel. Além do mais, não nos conhecemos.
Vítor - Então me deixe te conhecer!
Ana não respondeu e subiu as escadas, deixando Vítor na entrada.
Colocou as compras por cima da mesa da cozinha e foi lá falar com a Cacilda.
Explicou tudo que vinha acontecendo desde a sua chegada e pediu um conselho.
Com palavras sábias e claras Cacilda respondeu:
Cacilda - Minha filha, tens um corpo que toda a mulher deseja ter e todo o homem aprecia. Mas não te deixes levar pelas cantadas e presentes, porque se isso acontecer estarão presenteando ao teu corpo e não a ti.
Tens de ficar com alguém que goste de ti e não do teu corpo.
Ana - E como vou saber diferenciar avó?
Cacilda - Na hora certa saberás. A pessoa tem de saber olhar para além do que tens por fora ou caso contrário só serás usada e depois jogada fora.
Ana ouviu tudo naquele momento, mas nem tudo entendeu.
Os dias da faculdade já estavam bem próximos e Ana devia se fazer presente à faculdade para completar alguns processos da matrícula.
Logo no dia seguinte, após o encontro com Vítor, Ana acordou cedo, fez as suas tarefas e foi logo se preparar para poder ir à faculdade.
Já com o banho feito, vestiu e organizou a sua pasta de documentos, dirigiu-se à sala e deu um "txau" para Cacilda.
Ana - Avó, já estou indo.
Cacilda, que estava de costas se virou para ver como ela estava vestida.
Cacilda - Não, não, não. Eu bem que sabia... preparei algumas roupas que eram das suas tias e podes ficar com todas.
Não que não estejas bem vestida, mas agora pertences a civilização e aqui eles julgam muito as pessoas pelo vestuário e não quero que façam piada de ti.
Cacilda tinha razão... Ana estava vestida decentemente, mas para quem ia ao mercado e não à uma faculdade.
Ao ver as roupas "novas" Ana ficou deslumbrada, nunca havia ganho tanta roupa no mesmo dia... vestidos lindos, calças e saias que desenhavam ainda mais o seu belo corpo... cores que condiziam com o seu tom de pele...
Ana se trocou e logo depois saiu.
Desceu as escadas e caminhou em direcção à paragem.
Pelo caminho e como sempre, alguns carros se ofereciam para lhe acompanhar e a cada momento que isso acontecia, ela se lembrava das palavras de Cacilda.
Algum tempo depois, chegou a paragem e não tardou a encontrar um "chapa" que a levasse ao seu destino.
Era a primeira vez que Ana ia até ao Campus da Universidade, não conhecia nada e ninguém... pedindo informações aqui e alí, acabou sendo direccionada para onde precisava chegar.
Preencheu os formulários necessários e cumpriu com todos os requisitos, concluindo assim a sua matrícula.
Já no caminho para casa, Ana vê um jovem todo desastrado carregando um monte de livros nos seus braços... a cada quatro passos que dava era um livro indo ao chão...
Ana se apressou e foi se oferecer para ajudar.
Ana - Olá moço, precisas de ajuda?
O jovem tímido precisava sim, mas no momento recusou.
-"Não te quero incomodar, chego lá."
Ana - Eu ajudo, não tem problema.
Ana segurou em alguns livros que estavam por cima e caminhou com o jovem.
Ana - O meu nome é Ana... e o seu qual é?
-"Olá Ana, muito obrigado pela ajuda, o meu é Nelson."
Nelson era um jovem simples, membro de uma família de classe média e muito inteligente.
Juntos caminharam até chegarem à biblioteca, onde Nelson deixaria os livros.
Nelson - Muito obrigado pela ajuda Ana. Acredito que se não tivesses aparecido, ainda estaria bem distante daqui.
Ana - De nada. Mas não precisa agradecer.
Nelson, despediu-se de Ana e foi caminhando...
Pela primeira vez, desde que Ana chegou a cidade, Nelson era o primeiro homem que a conhecia e não se atirava para ela.
Até Ana ficou espantada.
-"Ele foi simpático comigo, mas em nenhum momento tentou tirar vantagem."
Ana saiu, logo em seguida e novamente se depara com Nelson, mas desta vez jogado ao chão.
Continua...
Escrito por Edson Almirante