A Amante Capítulo 4
Ana saiu, logo em seguida e novamente se depara com Nelson, mas desta vez jogado ao chão.
Ana se assustou com aquilo. Acelerou o passo e foi ajudar Nelson a se levantar.
Ana - Nelson, você está bem?
Nelson - Sim, estou bem, não precisa se preocupar.
Ana - Como não?! Num momento estavas bem e no outro te vejo jogado no chão.
Nelson - Como me ajudou, seria injusto se não te contasse.
Ana - Contar o quê?
Nelson - Sofro de epilepsia, e quando era criança os meus pais se desleixaram e não conseguiram mais curar a doença.
A conversa foi rolando e juntos foram à caminho da paragem.
Coincidentemente o transporte que subiam era o mesmo, porque Nelson morava arredores da avenida Alto Maé, no prédio da TMcel.
Até mesmo no transporte o papo não parou. Nelson acabou por pedir o contacto de Ana.
Ana - Infelizmente não tenho telemóvel.
Nelson - Então como faço para falar consigo novamente?
Ana - Tive uma ideia. Escreva o seu contacto num papel e ligo através do contacto da minha avó.
Nelson - Sim. Óptima ideia!
Nelson escreveu o número num papel e deu a Ana. Como combinado, na noite do mesmo dia, Ana mandou uma mensagem de texto usando o número de Cacilda.
Ao invés de responder a mesma, Nelson optou por ligar.
Conversaram por muito tempo. Cacilda ao ver aquele cenário, lembrou-se do tempo em que suas filhas também passavam pela mesma fase.
Após terminar a chamada, Ana foi tomar um banho e ao terminar colocou a mesa para o jantar.
Cacilda - Aninha minha filha, vem cá!
Ana que estava na cozinha, deixou o que lhe ocupava e foi ter com Cacilda que estava no seu quarto.
Cacilda - Percebi que já fez novas amizades.
Ana - Sim avó, conheci um moço muito simpático.
Cacilda - Deu para perceber... mas muito cuidado filha.
Ana - Sim avó. Mas ele me parece muito diferente dos outros... ele quando fala comigo não olha para o meu corpo, ele olha para os meus olhos.
Cacilda - É bonito?
Ana - Sim, muito bonito... mas desastrado também.
Cacilda - Xiiii.... já percebi que o telefone não será mais meu. [Risos]
A faculdade começou logo na semana seguinte. Algum tempo foi passando e Ana acabou conhecendo novos colegas, mas o único amigo inseparável era Nelson.
Infelizmente eles não frequentavam o mesmo curso e só se encontravam no final das aulas...
O primeiro ano foi bem normal, sem problemas e nem dificuldades impossíveis de ultrapassar.
Nelson era tão íntimo de Ana que já frequentava normalmente a sua casa. Eles podiam até não estar a frequentar o mesmo curso, mas tinham algumas cadeiras com matéria um pouco semelhantes e por isso, algumas vezes Nelson ia à casa de Ana para estudar.
Um sentimento recíproco nascia nos dois, mas nenhum deles tinha a coragem de contar ao outro, com medo de estragar a amizade que tinham.
Até que Nelson teve coragem e num desses dias de estudo acabou confessando.
Nelson - Ana, preciso te contar uma coisa.
Ana - Pode falar. Sabes que não temos segredos.
Nelson - Sei sim. Mas é algo delicado.
Não quero me aproveitar de ti e nem quero magoar o seu coração... muito menos estragar a linda amizade que temos, mas a verdade é que gosto de ti e não só como amigo.
Ana não ficou surpresa com as palavras de Nelson, porque era exatamente o que também sentia por ele.
Ana - Nelson, também gosto de ti do mesmo jeito, só que nunca tive coragem para te contar.
Nelson ficou tão feliz com as palavras de Ana que não se segurou por nem mais um minuto... Pegou nela e deu um "baita" beijo.
A partir daquele momento, começava uma linda relação entre os dois.
Ficaram mais "grudados" do que já eram... tanto na rua como também na faculdade e isso irritava muita gente.
A maioria dos homens queria tirar uma "casquinha" na Ana.
Mas as coisas tiveram um rumo totalmente diferente no segundo ano lectivo. Quando o turno mudou... inexplicavelmente, Ana foi passada para o período pós-laboral sem aviso prévio.
Eles já estavam acostumados a estar quase todo o momento juntos e foi um golpe duro, mas infelizmente não podiam fazer nada.
As aulas de Ana começaram. Iniciavam as 17 horas e tinham fim as 21hora e 30 minutos.
Os primeiros dias foram tranquilos... a ida à escola era tranquila e a volta nem tanto, mas não chegava tarde.
Até que numa sexta-feira, um docente acabou se empolgando na aula e ultrapassou a hora normal de saída.
Era a primeira noite em que Ana saía tarde e ainda não conhecia bem os colegas. Saiu apressada sem nem sequer perguntar se alguém poderia lhe dar uma boleia.
Chegou a paragem e esperou por um transporte, mas nenhum aparecia. Passaram cerca de 30 minutos e já estava bem tarde.
Ana estava desesperada até que um carro azul parou.
"Moça, vamos! Dou-te uma boleia..."
Ana não queria subir aquele carro mas não teve escolha... abriu a porta e entrou.
Continua...
Escrito por Edson Almirante